Um dia de cada vez
Há algum ( bom) tempo que eu não escrevo mais. Não sei o que acontece.
Meus pensamentos e sentimentos estão cobertos por uma névoa de ansiedade incomum. Quero fazer tudo e não consigo. Quero resultados agora, mas ainda não é tempo do nosso Senhor. Preciso ser moldada mais. Preciso ser mais forte.
Eu quero ser mais forte.
Quando faço um laço em uma ponta, aparece outra e, quando consigo junta-las, a primeira se solta e surge uma quarta, quinta, sexta... Mas acho que a vida é assim mesmo, não é?
Sei que prometi a mim mesma que nunca iria permitir que a criança em mim morresse. Que a esperança fosse embora entre meus dedos. Mas é difícil, bem mais do que os filmes aparentam ser, bem mais do que as inúmeras palavras que li já me transmitiram. E de fato, pensar que eu SÓ tenho meus vinte anos me assusta, me assusta muito.
Será que eu estou errada em sentir medo?
Em não ter coragem?
Em me arriscar ?
Muitas de minhas incertezas e inseguranças que, em meus dezesseis anos não passavam de nervosismos em apresentar um trabalho escolar, estão vindo a tona agora. Juntamente com a faculdade e com as perguntas... o que você estava fazendo da meia noite as seis ? E como vai cuidar de um cachorro, se não para em casa? Porque você não doa esses livros? Você quer ser professora? Isso é sério? Haja paciência para aguentar desaforo desses meninos sem educação!
Perguntas encapuzadas com críticas de uma pessoa com mais experiência ( o "sabe tudo"), onde a cereja do bolo é " a vida é assim, ninguém morreu por isso". Cada dia mais, sinto que é um grande sacrifício pedir um pouquinho, só uma pitadinha de respeito para essas pessoas. Respeito para com quem, esta aprendendo a viver com tantas responsabilidades.
Sinto que em todas as etapas da minha vida, as pessoas a minha volta sempre esperassem mais, mais maturidade, mais responsabilidade, mais senso comum, mais notas, mais organização, sempre mais.
E quer saber?
Com o tempo aprendi a tomar as rédeas da minha vida. Me permitir sentir medo, me permitir errar, me permitir não entregar um trabalho da faculdade, me permitir chegar atrasada, me permitir sair com a roupa amarrotada, me permitir matar aula para jogar conversa fora com um amigo, me permitir gostar de alguém, me permitir ser magoada, me permitir segurar a mão de alguém para levantar, me permitir fazer amizades improváveis e muito valiosas, me permitir gostar de alguém, pra valer. Me permitir olhar para trás, para os lados, para frente e perceber as grandes pessoas que estão comigo, que sempre esteve, mas meus inúmeros compromissos e a obsessão por fazer tudo impecável não me permitiu ver.
Me permitir viver intensamente.
Não vou negar que agora, meu medo de seguir em frente esta maior ainda, mas me fez crescer aqui dentro onde realmente importa.
Não vou negar também, que talvez leve tempo, quanto tempo ainda não sei, para aprender a lidar com todos esses novos sentimentos.
Mas posso dizer que o desafio de hoje em venci, venci minha ansiedade em fechar essa janela e ir fazer outra coisa, em colocar esse sentimentos para " depois", mesmo sabendo que esse momento nunca chegaria, pelo menos ainda não chegou para as minhas anotações de 2009, nem para as 300 escritas que esta na minha pasta " para revisar".
Ok. Vamos lá Camila, um dia cada vez.
Um dia de cada vez para sempre.
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